quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Amo minha vida

Olá! Meu nome é Eliziane Gross da Silva, tenho 25 anos, sou professora de pré-escola há 3 anos e casada há 1 ano e meio. Vou contar um pouco da minha história.
Nasci no dia 20 de setembro de 1984, em Tramandaí. Meu pai ficou muito feliz porque queria muito ter uma menina. Por isso sempre fui mais mimada que meus 2 irmãos.
Desde muito pequena sempre gostei de estudar. Gostava muito de brincar de “escolinha” em casa. Quando fiz 6 anos fui para a pré-escola. Lembro da professora, muito querida, a Edna. Eu a admirava, achava que ela era uma princesa. Lembro que sentávamos em grupos de 3 crianças. No meu grupo era eu, a Cris e o Junior. Ele era um menino bem esperto, não gostava de recortar os trabalhinhos e nós duas fazíamos tudo pra ele, porque todas as menininhas da turma achavam que ele era o mais bonitinho. Cada um tinha um crachá colado na sua mesa. Com ele aprendemos as letras de nosso nome.
Me alfabetizei aos 7 anos na primeira série, com a professora Silvana. Eu era bastante tímida. Tinha vergonha de perguntar. Uma vez a professora escreveu no quadro a palavra “shampoo”. Tinha que desenhar no caderno. Eu fiquei a aula toda tentando descobrir o que era aquilo. Só descobri quando ela corrigiu no quadro que era xampu. Não entendia o que o som do x tinha a ver com sh.
Lembro do nome de cada professor que tive na vida, do jeito, da voz de cada um. Lembro do nome dos colegas que tive, a maioria deles. Sempre fui de pouca conversa, mas muito observadora. Consigo guardar muitas coisas na memória.

Na sexta série tive um professor maravilhoso. O professor Flávio. Ele dava aula de história (do Brasil). Eram aulas diferentes. Ele cantava e dramatizava com o conteúdo. Era incrível. Ele encantava os alunos com suas aulas. Todos o adoravam. A partir daí história se tornou minha disciplina favorita.
Ao final da oitava série uma professora de Biologia, Viviane, me incentivou a participar da seleção para o curso de Magistério (que depois voltou a se chamar Curso Normal)do Instituto Estadual de Educação Barão de Tramandaí. Fiz a prova e fui selecionada. Gostei muito do curso. Também encontrei aqui outro professor de história maravilhoso, o Jurandy. Eu me sentia realizada. Fiz meu estágio com uma segunda série e adorei. Nesta escola encontrei a professora Edna, minha professora do pré, que ficou espantada em me ver agora como colega. Me formei em 2004. Decidi então que queria ser mesmo professora.
Trabalhei desde os 14 anos em várias coisas. Fui balconista de padaria, garçonete de pizzaria, babá, enfim, tudo que aparecia. Em 2005, eu trabalhava em um supermercado, era operadora de caixa. Queria cursar a faculdade, mas o que eu ganhava não dava para isso. Então voltei ao Barão e comecei o Técnico em Contabilidade. Estava quase no final do curso quando desisti, não era o que eu queria. Não gostava.
Neste mesmo ano ouvi falar do Prouni e resolvi fazer a prova do Enem. No final deste ano comecei a sentir muita dificuldade ao caminhar. Mas eu não queria aceitar. Era a tal da Distrofia Muscular, doença genética, que a minha mãe e meus irmãos já tinham. Quando pequena, os médicos disseram que eu não teria, mas eles se enganaram. Nesta fase eu fiquei muito depressiva, deixei de sair com os amigos, me distanciei de tudo, ficava bastante em casa.
Em 2006 fiz a inscrição para o Prouni, mas não tinha muita esperança e nem vontade. Ao fazer a inscrição havia uma parte que perguntava se o inscrito possuía algum tipo de deficiência. Eu respondi que não, pois não aceitava de jeito nenhum que agora eu faria parte deste grupo. No primeiro semestre não fui aprovada. No segundo semestre decidi me inscrever novamente. E lá estava a mesma pergunta. Pensei muito antes de responder, e respondi que sim. Um tempo depois fui ver o resultado no site. E estava lá. Aprovada-Bolsa Integral. Eu não acreditei naquilo. Então acho que entrei na faculdade pelo sistema de cotas. Eu pensei muito em desistir, em não ir, pois eu tinha medo e vergonha do julgamento das pessoas. Mas minha família me incentivou e eu fui. No primeiro dia de aula eu tremia de medo. Mas logo isso foi passando e eu comecei a gostar muito da faculdade. Vi que não era bem assim, consegui acordar para a vida, agora com outros olhos.
Um dia, no ônibus da faculdade, uma moça, Vanessa, me perguntou se eu gostaria de trabalhar no Senac, pois precisavam de funcionários PPD ( Pessoa Portadora de Deficiência). Comecei a trabalhar lá então. Dava aulas nos Cursos de Aprendizagem Comercial em Tramandaí, Osório e Capão. Os alunos eram adolescentes, alguns com a minha idade. O curso era muito bom, foi uma fase maravilhosa da minha vida. Foi lá que eu comecei a ser chamada de professora. Apesar da idade, eles me respeitavam muito.
No mesmo ano prestei concurso em Imbé para a educação infantil.. Fui aprovada e logo me chamaram. Então trabalhava de manhã em Imbé, a tarde no Senac e a noite ia para a faculdade. A cada dia eu gostava mais do meu curso de pedagogia. Agora eu já não parava mais em casa. Minha vida era muito agitada. E eu gostava bastante disso.
Em 2008 me casei com uma pessoa maravilhosa, que me ama, que faz tudo por mim, que me aceita do jeito que eu sou. Deixei de trabalhar no Senac para ter mais tempo para a vida de casada. Mas vou me formar no próximo semestre e pretendo fazer outro concurso. Sou muito feliz, amo minha vida e minha história.

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