sexta-feira, 19 de junho de 2009

AS FLORES ESTÃO NO CAMINHO... VEM ANDAR COMIGO



Meu nome é Paula Taiz dos Santos Vargas, nasci na cidade de Torres/RS no dia 05 de julho de 1981. Filha de catarinenses, Paulo Roberto Constante de Vargas, representante de vendas e Maria Zaneide dos Santos, por muitos anos dona de casa e há dez anos zeladora de condomínios. Passei a infância em minha cidade natal que, por se localizar próxima ao estado de Santa Catarina, me possibilitou crescer em contato com meus avós, em um sítio no interior de São João do Sul/SC. Vivi uma infância maravilhosa, entre a cidade e as coisas simples do campo. Durante a semana estudava em uma escola estadual onde cursei do pré à 4ª série. Aluna dedicada, seguidamente era lembrada pelas professoras. Aos seis anos de idade, usando um vestidinho vermelho, meia calça de renda e sapatinho de boneca, pedi a professora para ir ao banheiro alegando estar apurada, ao ter o pedido negado, fiz xixi no meio da sala de aula e fui motivo de gozação entre os colegas. Lá foi a minha mãe, como sempre protetora, buscar explicações junto à professora.
Meus pais sempre se esforçaram para me propiciar uma infância alegre. Tinha o que toda criança desejava para ser feliz, educação, cuidados, carinho, amigos e claro, muitos brinquedos e aniversários com bolo, docinhos, refrigerantes e balões. Um dos presentes de aniversário que me acompanhou por muito tempo, foi um quadro-negro. A mãe ficava louca com a poeira do giz, mas eu não cansava de “educar” as minhas amiguinhas e jamais aceitava ser substituída. Nos finais de semana frequentava a casa dos avós. Acompanhava meu avô até a venda para deixar o leite e o queijo produzidos por minha avó, cortava cana com meu bisavô, dava milho às galinhas, andava a cavalo, ajudava minha avó e bisavó a fazerem roscas de polvilho, merengues e broas, para esperar as visitas de domingo. Ao completar sete anos, nasceu meu irmão Tiago dos Santos Vargas.
Embora com muito carinho, fui educada sem mimos, o que me tornou uma pessoa responsável e madura desde cedo. Junto a isso, sempre tive um lado maternal, o que me induzia a participar ativamente da educação do meu irmão. Levava-o para a escola, ajudava-o nos temas de casa, dava banho, acompanhava na pracinha e até me sentia no direito de dar umas palmadas quando ele aprontava alguma. Ainda hoje, tenho uma preocupação de mãe com ele e me sinto na obrigação de estar sempre protegendo e quando necessário, repreendendo.
Na pré-adolescência nos mudamos para Imbituba/SC. Sempre tive facilidade de fazer amizades e em pouco tempo estava habituada com a cidade nova. Surgiram os primeiros problemas na escola: matemática. Humilhada pelo professor na 5ª série, ao ser chamada de burra, mais uma vez a “protetora” entrou em ação. Minha mãe foi até a escola e após conversar com o professor que jamais esquecerei o nome, assim como também não esqueço o nome da professora do pré, ele resolveu me dar uma atenção diferenciada e aprendi sem problemas. Quatro anos depois estávamos novamente de mudança, desta vez para Tubarão/SC onde iniciei o segundo grau e por indicação de uma professora, auxiliava as crianças com dificuldades de aprendizagem em turno inverso ao da minha aula.
A Sra. Zaneide queria que a filha fizesse magistério, mas eu afirmava que não seria professora, pois queria ser médica. “Língua afiada”, como era chamada pelos professores/as, algumas vezes fui advertida por ser pega em flagrante imitando-os. Lembro-me de uma ocasião em que a professora se retirou da sala de aula e ao retornar eu estava em frente ao quadro “ensinando” os colegas, no que ela diz com ar irônico: “muito bem, se sabes, continue Paula Taiz”. Os colegas caíram na gargalhada e eu me divertia.
Voltamos para Torres/RS em 1997, quando conheci meu primeiro namorado aos 16 e ele com 28 anos. Namoramos 10 meses. Concluí o segundo grau e comecei a trabalhar com vendas de móveis para escritórios e utensílios para restaurantes, passando meses depois para a venda de vestuário. Um ano depois estava em Capão da Canoa/RS, cidade onde vivi diversas histórias de praia, muitos amigos, festas, algumas paixões e meu primeiro amor com quem compartilhei seis anos da minha vida. Trabalhei para o grupo RBS durante dois anos com a venda de assinaturas do Jornal Zero Hora. Corria o estado do Rio Grande do Sul. Conheci diversas cidades e pessoas, cresci muito.
De família unida, mas humilde, fui criada com algumas dificuldades financeiras. Cursar medicina estava um pouco distante da minha realidade. Meus pais não teriam condições de me apoiar financeiramente. Optei por fazer vestibular para Biologia na UNISC - Capão da Canoa/RS. Decidi por não me matricular, pois as aulas eram nos finais de semana e poderia acabar perdendo o emprego, agora na área da Administração de Condomínios, onde estou há sete anos.
Em 2004, mais uma vez minha mãe, apoiando meu crescimento e insistindo no seu sonho de ver a filha professora, sugeriu que eu cursasse Pedagogia. Estimulada também por uma amiga, que percebeu meu talento com as crianças ao auxiliá-la em um trabalho educativo, resolvi fazer o vestibular na FACOS – Faculdade Cenecista de Osório. O curso me fez crescer muito, como pessoa e como profissional.
Hoje, mesmo que eu ainda não esteja na área da educação, a Pedagogia interfere no meu trabalho e na minha vida, no tratamento com as pessoas. Me tornei mais aberta para ouvir, mais flexível para as diferenças, no sentido de pontos de vista diferentes. Descobri que cada um tem a sua própria identidade e que ela se forma diariamente com as influências das pessoas e do meio em que está inserida. Que cada um de nós deixa sua marca por onde passa e leva marcas que nos produzem. Durante meus quatro anos e meio de faculdade, conheci muitas pessoas, fizemos muitas trocas, construímos algum conhecimento juntas, seja com os professores, mestres, doutores, funcionários, colegas. Levarei diversas destas pessoas no coração. Certamente também deixei alguma marca nelas, sejam boas lembranças ou alguma experiência vivida, que de alguma forma serão aproveitadas.
Sempre fui “revolucionária”, defensora dos direitos humanos, com sede de mudar o mundo, as desigualdades, as injustiças, o preconceito, o racismo e porque não a educação? Hoje, mais do que o compromisso de cidadã, me vejo diante do meu compromisso social de futura pedagoga. Penso que está em nossas mãos a educação do futuro, que deve ser uma educação comprometida com os sujeitos envolvidos em busca de uma prática educativa voltada para a cidadania responsável, que possibilite aos alunos manifestarem sua autonomia com dignidade e respeito se sentindo parte integrante da escola.
Assim se resume minha vida até o ano de 2009, cheia de energia, vontade, determinação e esperanças de um futuro melhor para a humanidade.